Análise - World In Conflict (Jogos De Aventura)


    
Por: Luiz Soares

    
Introdução:
Quando a Segunda Guerra Mundial acabou no ano de 1945, a Europa estava em declínio. Embora antes fosse considerado o centro mundial da civilização e sede do capitalismo, o velho continente não tinha condições de empreender sua reconstrução. Enquanto isso, cresciam em paralelo duas potências no cenário mundial: os Estados Unidos e a extinta União Soviética. Foram aliados na guerra, porém não havia mais motivos que os unissem. Pelo contrário, suas diferenças eram muitas: ideológicas (capitalismo x socialismo), políticas, diplomáticas e econômicas.
Não demorou muito para que a indisposição entre as duas nações resultasse em uma corrida armamentista, criação de uma rede de espionagem e competição tecnológica que incluía a corrida espacial com destino à Lua. A história nomeou estes fatos como "Guerra Fria" (pois não houve qualquer conflito físico entre as duas potências) e terminaria conforme alguns em 1991 com a dissolução da URSS.
Porém, imagine se a Guerra Fria tivesse continuado e de fato o conflito bélico acontecesse... Imagine se a URSS invadisse os EUA... Imagine o início de uma III Guerra Mundial. Em Word in Conflict é exatamente isto que acontece. Onde termina a linha da realidade, começa a da ficção. O jogo retrata o que poderia ter acontecido se o exército soviético tivesse invadido os Estados Unidos no outono de 1989. E as conseqüências não são alarmantes...
Jogabilidade:
Quando somos lançados para dentro da ação visceral e tática de World in Conflict, percebemos que não estamos diante de mais um RTS rotineiro. Além de se mostrar como uma super produção em todos os aspectos, WIC modifica alguns padrões até então tidos como "dogmas" do gênero, embora não seja o primeiro a fazê-lo.
A mudança mais marcante de todas é a de não haver necessidade de se construir bases para treinar soldados e arrecadar recursos. Também não controlamos milhares de unidades espalhadas pelo cenário, com maçante micro-gerenciamento, mas sim um pouco delas durante a batalha. Apesar de assustar um pouco os mais conservadores, o fato de WIC suprimir essa característica do gênero resulta em uma ação desenfreada.
E acredite! Esta é a exata sensação que experimentamos ao iniciar a primeira fase. Os EUA estão sendo invadidos, os civis fogem como podem pelas avenidas e há destroços para todos os lados, tiros, bombas e explosões! Pelo rádio ouvimos mensagens cada vez mais nervosas de nossos aliados pedindo por socorro ou exigindo nossa presença em determinado lugar do campo de batalha. Tudo é feito no improviso e necessita de ações rápidas, como em uma invasão de verdade.
Basicamente o jogo se resume em capturar Pontos de Comando, abater unidades inimigas, reparar as suas unidades e ganhar pontos para uso de apoio tático e obtenção de reforços no combate. Os Pontos de Comando são posições geográficas importantes no campo de batalha e por isso precisam ser atacadas, dominadas e protegidas. Têm aspecto de círculos interligados e para capturá-los basta colocar uma unidade no seu interior. Conforme a batalha acontece, o jogador acumula pontuação para usar em apoio tático ou em obtenção de reforços. No primeiro caso é aquele tipo de ajuda que não vemos sua origem na tela e sim sua conseqüência, como por exemplo, um reconhecimento aéreo, ataques seletivos (Napalm, apoio aéreo pesado) e ataques indiscriminados (como ogiva nuclear). Para utilizá-los basta ter certa pontuação acumulada, clicar no tipo de ataque desejado e depois selecionar o alvo. Depois de alguns segundos vemos o resultado destruidor na tela.
Os pedidos de reforços funcionam de modo equivalente, só que em menu diferente. Novas unidades de guerra são enviadas ao campo de batalha e cada uma delas terá o seu preço proporcional. Há uma variedade delas, como blindagens (tanques, veículos de solo), ar (helicópteros), infantaria (formada por soldados com diferentes especialidades) e apoio (veículos antiaéreos, artilharia e tanques de reparação). Cada uma delas possui características especiais de ataque e defesa, como, por exemplo, os tanques, que podem lançar uma nuvem de fumaça a fim de camuflar-se. Da mesma forma a infantaria, ganha mais proteção e efetividade se estiver escondida na floresta ou em um edifício. Como se nota, WIC se configura de uma maneira um pouco diferente dos RTS comuns e o resultado é ótimo!
No modo campanha temos 14 cenários, cada um com missões primárias e secundárias. Enquanto aquelas são essenciais para vencer e finalizar a fase, estas garantem recompensas que facilitam o cumprimento da missão. Os jogadores mais experientes não irão encontrar dificuldade nas missões primárias, por isso deverão focar também nas secundárias se quiserem ser realmente desafiados. O bom é que, de uma forma ou de outra, há boa variedade e a jogabilidade não fica repetitiva.
Taticamente, há várias maneiras de se cumprir uma missão. Pode-se usar de força letal, atacar pelos flancos ou mesmo disputar diretamente no front - o jogador decide no momento qual será a melhor maneira. O importante é que aprenda a coordenar com prudência suas unidades, já que isso influi bastante para o sucesso. Usar uma casa como guarida, uma floresta para se camuflar ou mesmo as habilidades especiais de uma unidade podem fazer toda a diferença na batalha.
A interface do jogo é dividida em 4 menus objetivos e acessíveis. Permite um bom e rápido gerenciamento, havendo botões maiores para funções mais requeridas e os menores para coisas secundárias. Não há dose cavalar de micro-gerenciamento e certos comandos no menu foram focados extremamente na ação, como aquele que permite que seus soldados procurem o edifício mais perto para se camuflar.
A única observação a fazer é que sentimos falta de mais fases na campanha solo. Sim, há 14 cenários e isso garante um bom tempo de jogatina, levando em consideração o que se demora em cada missão específica. Mas, lembrando-se de outros RTS, apesar de haver três facções (EUA, URSS e OTAN) em WIC só conhecemos um lado da história. Seria bom se pudéssemos também jogar com a URSS, o que pode deixar aberta desde já uma porta para uma possível expansão/continuação. No mais a história é muito bem amarrada com tudo o que acontece na tela. WIC faz acreditar que se de fato a Guerra Fria tivesse continuado e culminasse em confronto direto, ela provavelmente seria como vimos aqui, tamanha dedicação e realismo encontrados nesse game.

Áudio: World in Conflict nos presenteia com um áudio convincente, autêntico, realista e detalhado. A começar do nível de pessoalidade e emoção transmitidos pela voz do ator Alec Baldwin no início de cada fase, enquanto o jogo começa. Infelizmente o ator não consegue sair do velho clichê do cinema americano que consiste em embargar a voz, deixá-la mais grave e um pouco rouca. Mas isso é um pequeno detalhe. As outras dublagens são também competentes, fazendo com que consigamos distinguir momentos de pura tensão pelo rádio.
A música, usada pontualmente em momentos específicos para dar clima ao jogo é orquestrada e muito bem produzida. Outros detalhes sonoros estão espalhados pelas unidades além de tiros, explosões e veículos realisticamente caracterizados. Tudo é tão minucioso que ao aproximarmos a câmera dos soldados podemos ouvi-los conversando casualmente.

Multiplayer: WIC pode ser jogado em rede local (LAN) ou pela Internet com até 16 jogadores. Há um ranking online para classificar os melhores jogadores do mundo, bem como os melhores clãs - até mesmo o jogador pode filtrar o ranking para incluir apenas ele e seus amigos. A interface é muito fácil e tudo é extremamente funcional.
Os modos de jogo são três: Domination, Assault e Tug of War. Em Domination, dois times vão lutar pelos pontos de comando espalhados pelo mapa, e a equipe que dominar por mais tempo a maioria dos pontos terá o nível de sua barra de dominação aumentada e assim poderá vencer. O modo Assault ocorre em duas etapas: cada time jogará tanto na defesa como no ataque, e para ganhar é necessário dominar mais pontos de comando que o adversário. Já Tug of War (Braço-de-Ferro), como o próprio nome sugere, é uma batalha no front, com o objetivo de "empurrar" a linha de combate e pressionar o exercito inimigo.
Diferente da campanha single-player, aqui podemos jogar com uma das três facções: USA, URSS e NATO. Após escolher sua facção, será necessário também escolher a função na batalha. Já dissemos que as unidades do jogo se dividem em quatro funções: blindagem, ar, infantaria e apoio. Quando jogamos no multiplayer, só podemos escolher uma dessas funções, contando assim com o apoio da nossa equipe para nos dar a retaguarda em momentos críticos.
Além disso, há um modo de jogo para poucos jogadores, onde seleciona-se um contra um ou dois contra dois, e também permite-se em alguns casos trocar de servidor sem interromper a partida.
Como você já deve estar imaginando, na prática o multiplayer de WIC se mostrou extremamente competitivo e divertido, sem dúvida um dos melhores disponíveis na atualidade. A todo o momento é valorizado o trabalho em equipe e é exigida muita comunicação e harmonia para que se alcance a vitória. É claro que isso é uma faca de dois gumes, pois alguns podem achar que o sucesso de um dependerá muito dos outros membros da equipe. Na verdade é exatamente isso que WIC faz: testa a capacidade de cooperação mútua entre os jogadores - e isso na prática é muito divertido!

Gráficos: É muito bom constatar que esta nova geração de games estão elevando o padrão dos gráficos a um patamar de realismo impressionante. Isso se dá pelos processadores e pelas placas de vídeo, cada vez mais velozes e capazes de suportar mais informações e cálculos avançados. Por isso, lembre-se que para jogar WIC com todo o seu esplendor vai ser necessário um computador muito veloz. Do contrário, a jogabilidade será muito prejudicada por constantes slowdowns. E tal realidade não é tão difícil acontecer já que tudo no cenário pode ser destruído com direito a física aplicada aos mais pequenos destroços e explosões espetaculares, que levantam enormes cortinas de fumaça. Os edifícios atacados logo entram em colapso. Trechos significativos de florestas se consomem em fogo com o uso do Napalm. WIC transporta o jogador para o centro da batalha, com muita poeira, explosões, destroços e danos colaterais.
Os cenários são detalhados e realistas. Alternam-se entre ambientes urbanos e rurais. As cidades foram reproduzidas com todas as suas particularidades. Até mesmo em um dado momento vemos enfeites de natal nas casas enquanto a guerra acontece. Os monumentos das cidades mais famosas também estão presentes. Cidadãos correm desesperados pelas ruas e, mesmo no horizonte, conseguimos ver ao longe tiros e explosões além do nosso alcance. As nuvens e os efeitos de iluminação criam ambientes fantásticos para a guerra.
As unidades de guerra receberam atenção também nos seus itens mais específicos. Basta aproximar a câmera para percebermos o nível de detalhamento e textura fascinantes. Neste caso, diferente de certos jogos que se definham visualmente quando vistos de perto, WIC dá um show, seja "de perto” como com a câmera ao longe.
O controle da câmera do jogo foge um pouco dos padrões do gênero, mas o resultado é ótimo. Controla-se a mesma com as teclas AWSD e com o mouse viramos a câmera sobre seu eixo e com o botão de scroll (rodinha) aproximamos ou distanciamos do campo da batalha (exatamente na linha vertical e não diagonal como é comum).
Há cinemáticas que dão o contexto a cada etapa da ação entre as fases. Vão surpreender o jogador pela altíssima qualidade de animação e renderização. Outras são pinturas estáticas não menos bem feitas.

Conclusão: Um conflito bélico nunca foi tratado de maneira tão realística em um jogo de RTS como emWorld in Conflict. Tudo neste título pode ser resumido em ação, destruição e detalhes. Com gráficos incríveis, cenários totalmente passíveis de destruição, som de cinema e uma produção impecável, WIC também nos presenteia com uma ótima e sólida jogabilidade focada na ação.
Suprimindo alguns conceitos e expandindo outros, este título dá novo fôlego ao gênero estratégia em tempo real e entra na acirrada disputa para jogo do ano de 2007. RecomendamosWorld in Conflict como uma experiência única, mesmo para quem ainda não experimentou o que é um RTS.


    
Perfil do Autor

    

Luiz Soares, editor do Jogos Gratis, Jogos de Vestir e Jogos de Aventura

     
(Artigonal SC #1112315)

            
Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/jogos-de-computador-artigos/analise-world-in-conflict-jogos-de-aventura-1112315.html

        

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